UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO
PRETO
ICHS – Mariana
Nome: Fernanda Gabriella Silva
Ribeiro
Data: 02/12/2011 Disciplina:
América I
Prof.: Luis Estevan Atividade
Avaliativa (Paper) sobre Thomas Paine.
“Sempre
defendi vigorosamente o direito de todo homem à sua opinião própria, por mais
diferente que ela possa ser da minha. Quem recusa esse direito a outrem
torna-se escravo de sua própria opinião, já que se recusa ao direito de
mudá-la.”
(Thomas Paine)
Este trabalho pretende
fazer um apanhado geral a respeito das idéias contidas nos textos de Modesto
Florenzano, Adriana Maamari e Bernard Bailyn acerca dos escritos de Thomas
Paine e o ideal revolucionário ai contido. Para tal, começarei falando sobre o
texto de Bernard Bailyn “As origens da Revolução Americana”, ao qual nos dá um
apanhado geral sobre o gênero panfletário, adotado por Paine.
Bailyn começa seu texto
conceituando o gênero panfletário, para depois expor suas peculiaridades.
Segundo o autor, os panfletos eram “livretos
que consistiam de algumas folhas de impressão, elaborada de vários modos, de
forma a reproduzir vários tamanhos e números de paginas, e vendidos – as
paginas costuradas frouxamente, sem encadernar e sem capa.”
Nesse contexto, os panfletos se tornaram alvo dos revolucionários, pois nele
achavam a vantagem de ter a plena liberdade de expressão, de não possuir uma
forma padronizada de escrita, além de terem baixos preços (devido à sua
confecção precária), podendo assim alcançar um publico maior.
Sendo
assim, existiam panfletos mais curtos, de oito páginas, até os panfletos mais
longos, que em média tinham de sessenta a oitenta páginas. Sobre as
características presentes nesse gênero, Bailyn fala que “tinham uma rara combinação de espontaneidade e solidez, de ímpeto
detalhe, de casualidade e cuidado”, os classificando em três categorias;
(que seguirão no correr do texto).
A
primeira delas, ele coloca sendo aqueles panfletos que circulavam em maioria,
contendo nos mesmos, respostas diretas aos grandes eventos da época, com
assuntos polêmicos e preocupações políticas. Como exemplo, o autor usa a série
de panfletos que começam a circular, contendo posições políticas e expondo
teorias constitucionalistas norte-americanas diante da Lei do Selo. A segunda categoria seria aqueles que pertenceriam às
“polêmicas pessoais de reação em cadeia”
(como denomina o autor). Eram um tipo de debate, de trocas individuais com
argumentos, respostas, réplicas e tréplicas. Nesse contexto, o autor encaixa
Thomas Paine e seu panfleto “O Senso Comum”, que foi amplamente debatido e
respondido por outros pensadores da época. O terceiro tipo que Bailyn apresenta,
é aquele que se distingue pelo caráter ritualístico de seus temas e linguagem,
que geralmente eram publicados anualmente, contendo discursos comemorativos em
forma de panfletos; marcando assim, eventos políticos em vez de religiosos.
Apesar
desta forma classificativa, Bailyn ressalta que nem todos os panfletos que
circulavam se enquadram nessas categorias.
Durante
a crise dos anos de 1760 a 1770, o numero de panfletos aumentou
significativamente. Coloca que esses escritos formavam a literatura distintiva
da evolução, expressando crenças, atitudes e motivações com objetivos que
conduziam à revolução. Segundo o autor, esses panfletos publicados
principalmente nas duas décadas antes da independência, são documentos do tipo
político, não literário. Mas ao mesmo tempo, não despreza as qualidades
literárias do mesmo, visto que expressavam os objetivos e o estilo de
pensamento das pessoas que os escrevem. Os panfletos formam também o texto da
literatura inglesa e jornalística dos séculos XVII e XVIII.
Nesse
ponto, Bailyn vai diferenciar os panfletos polêmicos britânicos dos
norte-americanos. Segundo o autor, os panfletos norte-americanos assimilavam os
recursos estilísticos próprios da grande época dos panfletos ingleses, mas
ainda assim eram inferiores aos mesmos. Para argumentar essa afirmação, Bailyn
vai aprofundando nas características do gênero panfleto. Seriam compostos por
elementos como a sátira, a ironia, a parodia, a alegoria e o sarcasmo, por
justamente buscarem – e alcançarem - efeitos literários. O uso de perguntas
retóricas também é muito utilizado neste gênero, assim como a abundancia de
aforismo, apóstrofes, hipérboles e personificação. Pretendendo assim, facilitar
o fluxo de pensamento e a fixação da atenção. O que para Adriana considera ter
sido o sucesso de Paine – texto que me deterei a falar posteriormente. Mas,
mesmo utilizando esses recursos, os escritos panfletários norte-americanos,
segundo Bailyn, continuam sendo inferiores aos de mesmo gênero escritos na
Inglaterra nos séculos XVII e XVIII. Nesse contexto, o autor classifica os
panfletos escritos nas 13 colônias como amadores diante dos polemistas
ingleses. Chega a essa conclusão, porque os panfletos norte-americanos eram
escritos por pessoas comuns, inseridas em diversas atividades como
comerciantes, advogados e religiosos, que não eram profissionalizados, sendo a
escrita política desses homens uma digressão incomum. É por via desse
raciocínio, que o autor caracteriza a escrita panfletaria norte-americana como
amadora se comparada com a inglesa. Segundo o autor, essas características são
assumidas devido à falta de experiência técnica, explicando a rudeza dos
panfletos revolucionários.
Faz
menção a Thomas Jefferson e John Adams, que também escreveram panfletos, mas
não eram profissionalizados para isso; diz que apesar da boa escrita que
possuem, não objetivam efeitos literários. O autor escreve: “Não é simplesmente uma questão de ausência
ou de presença de imaginação literária ou habilidade técnica, mas de seu
emprego. Os escritos artisticamente trabalhados eram de modo significativo –
por razões que chegam ao cerne do movimento revolucionário- periférico em
relação às grandes correntes de pensamento que se desenvolveram no período.”
Bailyn destaca apenas três panfletários norte-americanos que tiveram mais
destaque, como James Otis, Thomas Paine e John Allen, porque estes traziam em
sua escrita algo parecido com os panfletos ingleses.
O
texto Bailyn, de certa forma, parte de uma visão, que do meu ponto de vista, é
elitista. Refleti isto tendo em vista o seu desmerecimento da escrita
panfletaria norte-americana, estipulando um “padrão de escrita” para o mesmo, sendo
este um elemento que o gênero não
comporta, como o próprio autor afirma no começo do seu texto. Ao comparar os
escritos norte-americanos com os da Grã-Bretanha, e julgá-los inferior, acaba
por negligenciar o próprio fato de que essa população estava inserida em
territórios geográficos de continentes distintos, que sofrem por processos
históricos também diferentes, implicando assim, que essa diferença seja
refletida também na escrita. Alem do que, os textos panfletários
norte-americanos foram escritos por pessoas comuns, como comerciantes, que não
tiveram acesso ao estudo profissionalizante, mas nem por isso, seus textos são
inferiores como aponta o autor. São apenas diferentes, porque os recursos que
tiveram foram outros. Então, Bailyn tendo este tipo de posicionamento, acaba
excluindo estes fatores; não se importando assim, com os reflexos do
comportamento social expressos na escrita, tornando os textos norte-americanos
inferiores aos ingleses, sendo que são apenas diferentes. Julgá-los como
inferiores é obscurecer a criação daqueles homens.
Já
o texto de Modesto Florenzano “Thomas Paine Revisitando” mostra e explora
Thomas Paine como pensador político, que foi relegado na historiografia, e até
mesmo por seus pensadores contemporâneos, em lugar secundário e não apropriado,
visto a sua originalidade e a contribuição que tiveram no seu tempo histórico
tendo participado do processo de independência da França e dos Estados Unidos.
Para tal, Florenzano faz um levantamento bibliográfico de autores que
escreveram sobre Paine, além de reunir documentos contemporâneos referente ao
mesmo. Faz isso na tentativa de construir outra imagem de Paine. Sendo assim
vai mostrar que varias figuras importantes como John Adams e George Washington
reconhecem a importância das suas idéias. A publicação de seus panfletos, que
eram escritos em linguajar simples, venderam em muitos exemplares, sendo que
após sua morte, havia sido publicado na Inglaterra mais de um milhão e meio de
copias.
Florenzano
fala e questiona sobre o desmerecido esquecimento de Paine. Coloca que não é
somente como pensador que é negligenciado, como interprete da Revolução
Francesa também. No livro “Os direitos do homem” apresenta uma interpretação da
mesma revolução, apontando suas causas e momentos iniciais e fazendo uma
reflexão inteligente, antecipando muitos dos argumentos usados pela
historiografia revolucionaria. O autor adjetiva Paine como ator, testemunho,
interprete e pioneiro da Revolução Francesa. O que revela sua importância
diante da historia e, portanto, quebra com essa corrente historiográfica que
mantinha Paine no esquecimento. Talvez esse esquecimento possa ser atribuído
pelos pensadores que o obscurecem, justamente por ter a mesma imagem que Bailyn
tem sobre os escritos norte-americanos, de uma maneira geral, mesmo excluindo o
próprio Paine. Florenzano faz referencias também à autores que escrevem sobre a
teoria democrática e do liberalismo, como G. Sartori e N. Bobbio, onde praticamente
o nome de Paine passa despercebido.
Assim,
Florenzano aponta que Paine foi o primeiro formulador e propugnador da
combinação histórica entre liberalismo e democracia. Neste ponto C. B.
Macpherson é citado pelo autor, visto que este escreve sobre o liberalismo
democrático e se quer fala sobre Paine que foi precursor dessas idéias.
Mas
que fatores poderiam explicar esse pouco reconhecimento? Segundo o autor, o
preconceito intelectual que Paine tem sofrido pode ser explicado, em uma
questão menor e mais singular, pela personalidade de Paine, onde Florenzano
fala que ele era ao mesmo tempo radicalmente popular e presunçoso, mas também em
um fato maior por ter sido ao mesmo tempo liberal e democrático; posicionamento
original e estranho para época. Paine seria um liberal puro e radical porque
concebia negativamente o Estado (poder) como o fez em “O senso comum”. Mas ao
mesmo tempo, também era tido como um democrata, também puro e radical, porque,
segundo o autor, só um democrata seria capaz de propor um programa de
assistência social.
Thomas
Paine critica os maus governos monárquicos, dizendo que estes são responsáveis
pela pobreza existente. Diferente do posicionamento de Burk, Tocqueville e H.
Arendt, citados também por Florenzano, que consideram que o governo não pode
fazer nada para eliminar a pobreza, porque quando assim o faz, acaba por
agravá-la. Segundo os contemporâneos de Paine, seus panfletos eram
revolucionários não só no conteúdo, como também na linguagem, visto que suas
criticas a monarquia e á aristocracia foram arrasadoras. Segundo o autor, Paine
abriu caminhos para que Marx e Engels pudessem elaborar suas criticas
livremente, visto a censura sofrida por Paine. Florenzano acredita que no
escrito “Dissertation on first principles of governament” em 1795, encontra-se
a formulação mais completa de Paine sobre sua filosofia política e
racionalista, alem de sua teoria democrática e representativa das formas de
governo existente. Neste texto, Paine apresenta suas concepções sobre a propriedade,
à igualdade política e o governo; elementos estes, que formam o ideário liberal
e democrata. Também critica a posse de terras como critério para o voto.
Sendo
assim, seus escritos têm muita importância e relevância, visto que foi um
pensador que assumiu, pioneiramente, um posicionamento liberal e democrático.
Para o autor, esse é ponto que confere originalidade aos escritos de Paine e
Burke, visto que assumem posicionamentos ao mesmo tempo liberal-democratico e
liberal-conservador, consecutivamente, num período histórico onde que era
liberal não era conservador e que era democrata não era liberal.
Bailyn
apresenta diferenças entre Paine e Burke. O ultimo apresenta o Estado como “uma associação não só entre vivos, mas
também entre os mortos e os que irão nascer”, eliminando assim todo direito
à revolução e à possibilidade de ruptura institucional. Enquanto que Paine, ao
contrario, concede direitos e legitima a ruptura com a Inglaterra, com a idéia
de uma “revolução permanente”, onde cada geração criaria suas próprias leis e
instituições. Paine diz:
“Estou lutando pelo direito dos vivos e contra o fato
de serem alienados, controlados e constrangidos pela pretensa autoridade dos
mortos sobre os direitos e a liberdade dos vivos. [...]”
Burke nega o direito à revolução com a
firme idéia de que o passado deveria governar o presente, sendo que Paine tenta
desconstruir esse elemento da primogenitura e da hereditariedade.
Seguindo
a lógica de argumentação de Paine, Florenzano conclui que, segundo os panfletos
de Paine, todos os sistemas são legítimos, desde que desejados pela população.
Mas também seria transitório ou reversível, quando a mesma, ou uma nova maioria
assim quisesse.
Nesse
contexto, Adriana Maamari em seu texto “A República e a Democracia em Thomas
Paine”, no capitulo três “O panfleto: instrumento de instrução publica e de
formação de cidadãos”, faz uma análise do discurso dos panfletos de Thomas
Paine, mostrando a influência de sua obra para seus contemporâneos e
sucessores.
Segundo
Adriana Maamari, a escrita política de Paine foi tão popular devido ao estilo
de seus panfletos que tenta abarcar um público geral, adotando uma escrita mais
simples. Paine tem a finalidade de convencer a população, para que haja a
mudança de opinião e em seguida a tomada de ação da população.
Thomas
Paine era coletor de impostos. Sua popularidade começa aí, ao organizar um
movimento de protesto entre os coletores para obtenção de melhores salários;
foi a primeira vez na história que os panfletos direcionados à trabalhadores
foi redigido. Sendo assim, seus textos – segundo a visão de Maamari – antecedeu
o tipo de texto difundido pelo movimento sindical mais tarde.
A
origem social de Paine é menos favorecida e não anglicana, impedindo-o de ter
acesso à estudos mais elevados; fator que não desmerece nem inferioriza seus
panfletos, que colocam em discussão temas que até então não eram debatidos com
a condição das pessoas socialmente desfavorecidas.
Ao
quebrar com a imagem de uma Inglaterra justa equilibrada, tida pela
aristocracia local, visto que a maioria dos cidadãos vivia em condições
miseráveis. Daí o fato de se oporem a Pain, como aponta o texto de Florenzano.
Em 1773, é demitido quando transforma um panfleto direcionado à denuncia da
situação precária dos cobradores de impostos em petição, tendo o objetivo de
convencer o parlamento sobre o caso, denunciando o excesso de trabalho e a
baixa remuneração; o que mostra seu direcionamento favorável à justiça social.
Para tal reivindicação, Paine usa argumentos como o excesso de horas
trabalhadas, devidos às obrigações que tomam quase o tempo integral de suas
vidas, os impedindo de ter momentos de repouso ou lazer, ale os impedirem de
constituir família, sendo a solidão conseqüência da profissão exercida. Essa
ênfase retórica de comparação com outras profissões é usada por Paine para
classificar o oficio de cobrador de impostos como pior que os outros, tendo,
portanto, o direito às melhores condições de trabalho. Denuncia a corrupção
dentro do oficio, como conseqüência dessas más condições de trabalho frente à
indignação desses homens que enchem os cofres públicos, mas continuam
miseráveis.
Paine
também foi pioneiro em reclamar em favor do direito à cidadania dos negros e
aos direitos da mulher, mesmo não aprofundando nas causas. Propõe ações muito
avançadas para sua época, como um tipo de assistência social que amparasse as
crianças pobres com escolas gratuitas, recursos direcionados à velhice alem de
recursos para jovens que não possuíam heranças, no intuito de dar chances
iguais entre os filhos dos pobres e dos ricos. Neste ponto podemos relacionar o
texto de Florenzano, quando aproxima as idéias de Paine ao sindicalismo, nascido
posteriormente.
Após
1775, seus textos apresentam-se também com um caráter de ação separatista entre
o norte da America e a Grã-Bretanha, onde denomina de “independência”. Nesse
contexto, Maamari fala sobre o panfleto de Paine publicado em 1776, “O senso
comum”. Na escrita deste texto, Paine é orientado pelo médico Benjamin Rush, da
Filadélfia, visto que este não queria assumir a autoria deste panfleto pelo
fato de que seu conteúdo demasiado engajado pudesse abalar sua carreira
profissional. Apesar dos conselhos de Rush para o não uso das palavras
“independência” e “república”, Thomas Paine faz apropriações das mesmas nesse
panfleto. Cerca de mil e quinhentos exemplares são editados no decorrer deste
mesmo ano, recebendo até mesmo tradução para o francês, sendo publicado na
França nos “Affaires d’Angleterre” e “d’Amérique”. Lá, esse texto passa a ser
atribuído a John Adams. A partir desse ponto, Adriana Maamari traça as
principais diferenças entre os dois pensadores. John Adams além de puritano e
estudado em Harvard era um homem que saiu da boa sociedade colonial, admirando
o sistema governamental inglês. Já Thomas Paine não era anglicano nem ao menos
recebeu educação superior. Vindo de camadas inferiores, defende a independência
da América. William Smith era outro opositor às idéias de Paine publicando
muitos artigos que fazem elogios ao Parlamento Britânico.
Para
a autora, o texto de Thomas Paine catalisou e inspirou a declaração de
independência dos Estados Unidos. Na ultima parte de “O senso comum” é
apresentado um projeto de governo, ao qual Adams é contrario, buscando tirar os
méritos de Paine. Mas Adams não se atenta ao detalhe que o autor do panfleto
não esta buscando convencer os membros do congresso ou a elite intelectual, mas
sim atingir o povo americano, com argumentos que expõe a necessidade de
separação da Inglaterra, declarando que as colônias não a reconheciam mais sua
autoridade, seja pela figura emblemática do Rei ou do Parlamento. Na concepção
de Maamari, o sucesso adquirido pelos panfletos de Paine, se deve ao fato da
persuasão das massas a aceitar as novas idéias, sendo este um elemento bastante
difícil de alcançar. Nesse quesito Maamari fala:
“É um trabalho na direção de compreender a
psicologia das massas, em que parte-se das idéias já comumente admitidas para
então apresentar as novas, numa linguagem que torna clara e concreta às
aspirações confusas do povo. Nesse sentido, Paine domina a arte do panfleto e é
esta a principal razão de seu sucesso, o que não deixa de impressionar inclusive
o próprio autor que declara-se surpreso com a emoção que casou nas massas.”
A
primeira parte do panfleto “O senso comum” trata da origem e dos objetivos dos
governos em geral, diferenciando sociedade – criada para assegurar as
necessidades dos homens em geral - e governo – instituído para suprimir no
homem a falta de moralidade. Sendo assim, o governo se tornou necessário pelo
aumento da coletividade, visto a natureza do homem incapaz de suportar a
solidão. A segunda parte fala da monarquia e do poder hereditário. Prega a
idéia da igualdade entre os homens, não havendo justificativa, portanto, para a
diferença entre o rei e seus súditos; não se firmando a necessidade de
estabelecerem privilégios para si e seus descendentes. Na terceira parte, Paine
vai se dedicar aos negócios americanos (todo o continente).
John
Adams, seu oponente, considera a democracia como fonte de desordem publica e
condena Paine pelo uso do termo. O mesmo responde que jamais havia usado o
termo “democracia” em seu panfleto, falando diretamente aos cidadãos sem jamais
precisar seu posicionamento sobre a democracia.
Antes
da escrita de “O senso comum” Paine era pouco conhecido, mas que depois de sua
publicação todo o mundo político começa a falar sobre ele; criando desavenças com
os colonos conservadores, que o tomam como traidor. Neste panfleto Paine
discorre sobre obstáculos encontrados para se defender uma idéia que não se
enquadra nos valores tradicionais. Essa conquista seria somente com passar do
tempo, para que houvesse aceitação e penetração no imaginário das massas. Paine
fala que quanto maior o grau de insatisfação de um povo, mais rápida pode ser a
mudança de opinião de valores políticos.
Dialogando
com Bernard Vicent, Maamari conclui seu texto dizendo que os panfletos foram um
ótimo instrumento usado pelos revolucionários, “porque atingiam de forma rápida e eficaz a penetração de idéias entre o
povo, já que a mudança de opinião publica requer muito esforço, mesmo para
aqueles que pensam fundamentados na razão, como é o seu caso. Segundo Bernard
Vicent, os escritos de Paine, na qualidade de panfletos eram teóricos, porem
nada abstrato: ‘... Tendem a mudar efetivamente e como que instantaneamente o
coração dos homens, o curso das coisas, o sentido da história.’.”.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Florenzano,
Modesto - Thomas
Paine Revisitado.
Maamari,
Adriana - A Republica
e a Democracia em Thomas Paine ______In: O panfleto: instrumento de inspiração pública e de formação dos
cidadãos. USP, 2007, p. 163-184
Paine,
Thomas Senso Comum.
Há edições em Os pensadoes, vol.29,
L&M(2009) e Martin Claret (2005)
Baylin,
Bernard. As origens
ideológicas da Revolução Americana. Bauru: EDUSC, 2003.