quinta-feira, 6 de outubro de 2011

fichamento/resumo para prova de América I com o Pof. Luiz Estevan

DESCOBERTA DA AMÉRICA – Cristóvão Colombo
Relação de textos:          Todorov,Tzvetan “A conquista da América e a questão do outro”
                                               Hartog, François “Espelho de Herótodo”
                                                O’Gorman, Edmundo “A invenção da América”

Começarei falando sobre a trajetória de Colombo.  O primeiro debate a cerca de Colombo gira em torno do seu nascimento. Não se sabe bem ao certo sua nacionalidade. Colombo teve influencias dos relatos de Marco Polo, em Platão no texto sobre Atlântica e nos relatos alexandrinos e aristotélicos. Seu plano consistiria em uma nova rota para as índias através do ocidente, ou seja, navegaria pelo ocidente via oriente. Este plano foi apresentado primeiramente para os reis de Portugal que o recusaram. Em seguida vai para Espanha e apresenta essa nova idéia para os reis Isabel e Fernando pela intermediação da ordem Francisca, muito forte na Espanha neste momento, que se ligava muito próximo aos reis católicos. Estes por sua vez, aceitaram a idéia de Colombo, mas colocaram –a em pratica apenas em 1942. Estes dados e mais outros interessantes, sobre Colombo e sua viagem, foram retirados do texto de Bernard Vicent “o ano admirável”. 
Descrever a América, mas não os americanos.  Nessa viagem, Colombo relata aquilo que vê. A partir da análise do discurso sobre os relatos de colombo, feito por Hartog, ressalta a importância de se perceber as estratégias discursivas utilizadas pelo navegante. O discurso de alteridade foi o mais observado por Hartog em seu texto. Par ele, “a retórica da alteridade é, no fundo, uma operação da tradução: visa a transportar o outro no mesmo, constituindo uma espécie de transportador da diferença.” (p.251) Essa tradução é, para Hartog, uma nomeação duplicada, porque ao mesmo tempo em que ele nomeia e descreve, acaba traduzindo a partir de sua percepção. A alteridade seria então, a descrição do outro (desconhecido) por via de elementos conhecidos, comuns. No caso, Colombo descreve a América a partir da sua visão européia; tomando como ponto de partida sua experiência de vida na Europa. É nesse ponto do texto que Hartog faz a analogia com espelho de Herótodo, que seria a inversão do outro a partir da própria concepção.  O discurso de alteridade exclui terceiros; é uma relação dupla apenas. Mesmo que se fale num plural, como por exemplo: os indígenas e os Europeus; Estes constituem apenas dois grupos. Nesse contexto, segundo as idéias de Hartg, a narrativa é um elemento muito importante, que se desenvolve entre um narrador e um destinatário, implicitamente presente no texto de Colombo, especialmente nas narrativas de viagem. Ao deparar-se com o novo mundo, mesmo achando convictamente ter chegado às índias orientais, o narrador (Colombo) se valida de artifícios retóricos como forma de conduzir a descrição do outro.  Uma retórica da alteridade a fim de traduzir a diferença entre o mundo que se conta e o mundo em que se conta e ainda “fazer crer” para aquele que destina à narrativa.
“Aqui os peixes são tão maiores do que os nossos que é uma verdadeira maravilha. Há também baleias. Não vi nenhum bicho, de espécie alguma, em terra, só papagaios e lagartos. Outro dia um marinheiro me disse que viu uma cobra grande.” (Diários de descoberta da América – As quarto viagens e o testamento)

Nesse trecho podemos observar, mesmo que em poucas instancias, as idéias de Hartog sobre a alteridade. Por exemplo, quando Colombo descreve araras como papagaios, já que ele não conhecia este animal.
Por via deste trecho, também consigo fazer dialogar minha reflexão com Tzvetan Todorov e seu texto “A conquista da América: a questão do outro”. Neste texto, Todorov apresenta uma reflexão do processo de construção histórica de conceitos como o etnocentrismo, relativismo e etc, discutindo a questão do olhar etnocêntrico dos europeus diante das outras culturas. É nesse ponto que podemos relacionar o texto de Todorov e Hartog, com sua questão do “espelho de Heródoto”. No seu texto, Todorov apresenta um aprofundamento na discussão entre as ideologias universalistas, que problematizam o que é ser da espécie humana e as ideologias relativistas, que enfatizam as diferenças constitutivas entre os indivíduos. Todorov imprime seu olhar antropológico sobre esses temas e consegue ter uma visão particular sobre a diversidade humana. Assim, possibilita-se a construção democrática plural da convivência do “nós”, que neste contexto são os europeus, e os “Outros”, que seriam os indígenas. Outro ponto bastante importante colocado por Todorov é a questão da pouca descrição de Colombo sobre os habitantes nativos, dizendo que Colombo descobriu a América, mas não os americanos, ao apontar, do ponto de vista hermenêutico, uma falha nos seus relatos. Diz isso ao apontar, nas narrativas de Colombo, maior descrição sobre a composição geográfica do que propriamente de seus habitantes; e quando há a descrição dos nativos, ela é bem simplificada, partindo também do discurso de alteridade. Ex:
“Agora, escrevendo isto, soltei a vela com o vento sul para rodear a ilha e me empenhar para encontrar Samoet, que é a ilha ou cidade onde está o ouro, segundo dizem todos que vêm ate a nau e também diziam os habitantes da ilha de San Salvador e de Santa Maria. Essa gente é semelhante às da referidas ilhas, tanto na língua como nos costumes, só que os daqui me parecem um pouco mais domésticos, de trato, e mais perspicazes, pois vejo que trouxeram algodão aqui para a nau. E ainda nesta ilha vi panos de algodão feito matinhas e as pessoas mais gentis, e as mulheres trazem na frente do corpo um pedacinho de tecido de algodão que mau lhes cobre as partes pudendas.”

(discussão de substrato mais filosófico) Partindo para uma analise de substrato mais filosófico sobre o descobrimento da América, temos o texto de O’Gorman “A invenção da América”. Dialogando com as cadeias de pensamento estruturalista, como os presentes na obra de Braudel “O mediterrâneo”, que trata sobre a história de longa, de média e de curta duração, Gorman procura entender onde está amarrada a estrutura de construção da história da América. A tese desse autor adota uma perspectiva ontológica, para entender o processo que produz entidades; e ao mesmo tempo critica o registro histórico que pressupõe essas entidades. Em que sentido? Ontológica no sentido do Ser e do Estar. Estar como algo aparente e Ser como essência, sendo essas entidades seres históricos. Faz uma critica aos relatos históricos devido à historiográfica que discute se a América foi invadida ou descoberta, que acaba desprezando os nativos como seres históricos já existentes lá. É nesse contexto que Gorman usa a expressão “Invenção da América” ao invés de criação. Invenção porque pressupõe que algo que já existe enquanto o termo “criação” conduz ao imaginário de um lugar onde nada existia e foi criado como algo divino, que parte do nada. Usa essa metáfora no intuito de explicar que os europeus inventaram a América no seu Ser, ou seja, na sua essência. Essa critica de cunho filosófico apontado por Gorman, sobre a idéia de descobrimento da América, parte também da inconsciência que Colombo tinha de estar chegando em novas terras. Para ele, havia, convictamente, chegado às índias orientais. Segundo gorman, é justamente por Colombo desconhecer esse fato é que se inventa uma história de descobrimento por via de leitores dos relatos de Colombo. Por isso o título do texto.