sábado, 27 de agosto de 2011

Prova - nem tão bem sucedida - de Moderna.


“Se algum credito é dado, isso se deve à disposição do povo de pagar imposto, e não ao governo, que depende disso. Quando essa disposição acaba, o que seria um suposto credito do governo também acaba. O exemplo do antigo governo na França mostra que é impossível obrigar, o pagamento de impostos pela força, quando toda nação esta determinada a assumir essas praticas” (Thomas Paine)
           
Antes de analisar a situação fiscal desses distintos países, é interessante apontar a necessidade da cobrança de impostos por parte dos estados.  No período de instabilidade política e econômica a Europa se viu na necessidade de unificar ao comando de um monarca por estado-nação, onde esses cobravam impostos fiscais para sua manutenção, de seu exercito e de sua nobreza. Além desses, vários outros fiscos eram cobrados às camadas mais baixas e à burguesia emergente, que sustentavam o monarca, o que ocasionava vários conflitos e rebeliões por parte dessa população, que pouco viam retorno. Devido a essas insatisfações é que ressurge a assembléia, uma instituição medieval de representação política que tem por objetivo a conciliação de interesses divergentes, alem de negociar conflitos sociais, articulando com os diferentes grupos sociais (parlamento).  Na França o parlamento não tinha muita força, funcionando mais ou menos até o começo do século XVII, sendo que vigorava mais Os Estados Gerais, que se cabiam dessa representatividade do povo diante do rei.
Devido à ineficiência da cobrança de impostos, por parte do rei, aumentava a evasão fiscal, o que levou à necessidade de privatização desse serviço. Eram cobrados dois tipos de impostos: os diretos – cobrados direto do individuo- e os indiretos – feito sob o consumo. Através dessa lógica podemos entender a questão maior do Estado Nacional, pois a cobrança de impostos foi importante para estimular a idéia de representação do Estado. Além de impostos, foram usadas outras estratégias para arrecadar recursos como, empréstimos, vendas de cargos e de terras, arrendamentos e etc., dando condições para o Estado garantir sua burocracia militar e civil. Sendo assim, a pressão fiscal e sua aplicação, garantia a manutenção do Estado, além da promoção do domínio territorial, incluindo o alem mar (mercantilismo).
Nesse contexto, os estados que obtiverem resposta positiva e sucesso a essa pressão fiscal, ou seja, aqueles que têm a melhor estrutura de arrecadação tributaria lideram a expansão colonizadora européia; passam a disputar as índias orientais, que é o caso das Províncias do Norte (Holanda) e da Inglaterra. Outros que tiveram menos sucesso, como Portugal e Espanha, conseguem desenvolver impérios coloniais nas Américas. Além desses, há aqueles que não obtiveram sucesso, onde podemos destacar a França (que se expande somente no XIX com Napoleão). A maneira de investimento nessas atividades do tipo mercantil[1], por parte desses estados, também se divergem. Inglaterra e Holanda conseguiram obter maior repercussão por terem aderido também investimentos por parte do capital privado, diferente França. Nesse caminho das conquistas orientais, Inglaterra se sobrepõe a Holanda pelo fato de ter unido uma gestão publica junto da privada, visando o domínio desse mercado internacional.
O trecho citado fala de uma situação peculiar da França, a Revolução Francesa. Mostrando que a insatisfação do povo com o monarca, pelo excesso de tributo cobrado, pode ser revertida pela ação conjunta das camadas sociais mais exploradas, deixando claro que o povo é quem decide quem governa. Vindo assim a tona uma questão bem trabalhada por Maquiavel em “O príncipe”, no capítulo XV, onde vê-se a necessidade de uma certa versatilidade que deve adotar o governante em relação ao seu modo de ser e de pensar a fim de que se adapte às circunstâncias momentâneas-”qualidades”, em certas ocasiões, como afirma o autor, mostram-se não tão eficazes quanto “defeitos”, que , nesse caso, tornam-se próprias virtudes; da temeridade dele perante a população à afeição, como medida de precaução à revolta popular, devendo o soberano apenas evitar o ódio; da utilização da força sobreposta à lei quanto disso dependeram condições mais favoráveis ao seu desempenho; e da sua boa imagem em face aos cidadãos e Estados estrangeiros, de modo a evitar possíveis conspirações. Por tanto, relacionamos o atraso Frances em relação aos demais países citados com seu insucesso na cobrança de tributos, que geraram grandes revoltas, provocando um clima de instabilidade e conseqüentemente um desvio no investimento mercantil.


[1] Sendo o mercantilismo um fenômeno de crescimento da capacidade tributaria e administrativa, relacionado com a afirmação do aparato estatal; e uma expressão de força política dos principais estados da economia européia.

Algumas coisas que costurei...









sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Escrita e memória da História da antiguidade clássica.


 (Minha prova de História da Historiografia. Tentem não reparar nos erros ortográficos. Me lembro como se fosse hoje a dificuldade que tique para escrever isso. Ao menos espero que seja útil para alguém).

PROPOSTA: Desenvolver um pensamento sobre o significado da escrita da história e o papel da memória na antiguidade clássica Grego-romana, tentando mostrar as formas que ela toma.

Devemos começar nossa reflexão sobre memória e a escrita histórica na antiguidade clássica através da dos poemas Homéricos. As histórias contidas nos poemas Homéricos eram histórias contadas oralmente, referente a um tempo anterior a que foram escritos. Eles são um conjunto de histórias englobado em duas obras: Ilíada e Odisséia. A ilíada narra a guerra de Tróia tendo Aquiles como personagem principal, já a Odisséia narra o retorno de Ulisses da guerra. No livro Ilíada, antes da guerra, Aquiles se vê na bifurcação entre ir para casa, ou guerrear. Se fosse para casa teria vida longa, mas acabaria morrendo no esquecimento. Se fosse para guerra teria vida curta, mas seria lembrado eternamente. A escolha de Aquiles nos faz pensar a questão da historicidade humana, ou seja, é através de sua morte que ele conseguiria permanecer vivo na memória dos posteriores. Já na odisséia, a questão da memória também é bem trabalhada através da jornada de Ulisses, como exemplo, a parte em que Ele recusa seu próprio nome, que já carregava certa importância, para escapar de Policerno, e depois de furar seu olho, o tranca na caverna e reassume sua identidade.  É a partir dessas duas obras e que poderemos começar a introduzir a discussão sobre a escrita da história e a memória.  Ulisses é um viajante que narra sua história para que se possa lembrar dele mesmo diante dos conflitos enfrentados. Para isso ele usa a questão do disfarce, ao qual esconde sua identidade para chegar a terra de origem. Essa idéia de fantasia é uma coisa não usada pelos historiadores, por isso o papel de Ulisses fica num meio termo entre poeta, por fazer uso de fantasias e historiador, por narrar a guerra. Essa idéia da historicisação do herói na epopéia é tema também na obra de François Hartog no seu texto “Primeiras figuras do historiador na Grécia: historicidade e história”.  Sobre a diferença entre narrador e escritor, Walter Benjamin fala que o narrador escreve sobre uma experiência pessoal numa dimensão coletiva e deve estar presente em seu relato. Não necessariamente precisa ter um compromisso com a verdade, que seria o caso de Ulisses. Ou seja, a epopéia homérica não é considerada uma escrita histórica por alguns autores, devido a essa mistura de fantasia e realidade e também por ter como referencia fontes orais. Apesar de ser uns dos poucos registros históricos escritos nessa época da antiguidade, essas epopéias são usadas pelos historiadores atuais como vestígios e fontes da época. Nesse ponto temos a passagem da oralidade para escrita, auxiliando a memória.
Nessa transição, começam a se desenvolver o discernimento entre poesia e história, e Herótodo, que também era um viajante, começa a escrever sobre a história da invasão persa na Grécia nos princípios do século V a.C. A diferença é que Herótodo começa a fazer uso de fontes para auxiliar sua escrita, dando a ela um caráter mais verdadeiro. Essas fontes para Herótodo seriam a presenciação dos fatos. O que explica a questão do viajante trazer informações reais, pois ele vê o acontecido. Apartir dai começa a consolidação dessa diferenciação entre história e poesia. Por isso, Herótodo fica conhecido como o pai da história, porque introduz essa nova concepção da escita; uma visão pautada na tentativa de representação conivente do real através da valorização de fontes visuais, seja presenciada por si proprio ou terceiros. A autora Jeane Marie Gagebin em seu texro” as sete aulas sobre a linguagem”, analisa as práticas narrativas de Herótodo e Tucidides. Jeane fala que a palava história para mentalidade da época não tinha o mesmo significado que tem para nós hoje. Quando Herótodo usa a palvra histor, ele se refere à “aquele que viu”, testemunhou. Segundo Gagebin, a obra de Herótodo trata-se de um relatório de pesquisa narrativa/informativa. O que diferencia sua obra das demais não é seu objeto de estudo, mas o processo de aquisição sobre esses conhecimentos; mesmo citando fontes, ele fala sobre o que viu e sobre o que ouviu. Devido à primazaia das suas fontes voltadas para oralidade, Gagebin sublinha a tradição mítica e poética, presentes na obra de Herótodo junstamente por essa tradição oral e que são transmitidas de geração para geração, sem escrita. Segundo a autora, Herótodo, partilha entre dois tipos de narrativas, que corresponderm a duas formas de tempo. Uma seria a narrativa mítica, lendaria, presente no tempo dos deuses. Esse tipo de narrativa não se mostra passivel de uma cronologia. Em quanto que a outra, a narrativa histórica, trata de um tempo pesquisável, com referências cronológicas, possivel de serem encontrados; trata-se então de um tempo mais recente.
Indo para a análise da escrita histórica na obra de Tucidides, vemos que ele escreve sobre a guerra do peloponoso dirigindo sua escrita para o particular. Ele faz uma análise sobre o papel do historiador, também diferenciando a poesia da história. Para ele a história deve estar voltada para o real, para o acontecido, mas deve possuir também a criatividade que deve estar voltada para esse real, se diferenciando da poesia, que volta a criatividade para o imaginário. Aristóteles em seu tratado se diverge das ideias de Tucidides justamente por  abordar as regras de como escrever poesia. A poesia de Aristoteles é voltada para a poesia mimética, ou seja, definida pelo mito, que na sua concepção é a maneira como as palavras se organizam; o mito teria o mesmo significado que enredo. Aristóteles distancia a história da ciência quando faz uma comparação da poesia com a ciência universal. Para ele a poesia se encontra num ambito universal/geral, ou seja, a poesia é ligada à ciencia universal somada à filosofia. E se a história se distancia da poesia, logo não será reconhecida como ciência.
Essa idéia de afastamento da história do ambito universal é contraposta por Polibio. Ele escreve uma história voltada para vida pública dos homens politicamente ativos do Império Romano. A história na concepção de Políbio, ganha um ambito universal na medida em que esse escreve sobre Roma. É nesse contexto, que Políbio expõe uma visão pragmática da escrita da história. Essa idéia gira em torno do encadeamento dos fatos para se fazer um sentido, chamado de fortuno. [1]Alem de adotar esse novo conceito pragmático, a história para Polibio ganha ainda outra visão, diferente de Herótodo e Tucidides, que a visão sinóptica, ou seja, a visão de conjunto. A resposta de Polibio a Aristóteles gira em torno da discursão de que a história não deve ser lida na sua visão com o particular, mas sim abanger uma visão geral dos fatos. Diante disso Políbio diz: “Pois atingir uma idéia do todo pelas partes é possível, mas ter dele uma ciência e um conhecimento preciso, é impossivel.” O que Polibio quis dizer é que a verdade é encontrada somente na história universal, envolvendo a idéia do pragmatismo, que proporciona o ecadeamento dos fatos[2].
Vemos então que o conceito de memória para Homero, Herótodo, Tucidides, Aristóteles e Políbio, mesmo que de formas diferente, se remetem ao auxilio da escrita para que haja a lebrança. Essa lembrança está ligada a fatos acontecidos, seja eles cantados pelos aedos, seja eles presenciados. Essa memória tem a intensão, em ambas as partes, de tornar o passado eterno no presente como forma de conhecimento. Já na histotiografia judáica, essa concepção de memória é diferente. Ela vale através da lembrança de Deus, que é apresentado de maneira historicisada. Essa memória não se trata de uma musa que narra os feitos históricos, como nos poemas homéricos; se trata de um Deus que mantém um diálogo com os povos judáicos através de Moisés. Essa memória passa por uma rememmorização, de tempos em tempos, através do exílio, pois é com ele que começa a caracterização dos povos judeus, que saem do Egito e vão a caminho da terra prometida (Canaã).  Esse retorno a Canaã é interpretado como o retorno à memória, garantindo a união desses povos.  Por se tratar de uma memória em movimento ela só faz sentido se for passada de geração para geração. A memória judáica não está inserida no plano do conhecimento, se diferenciando de Herótodo e Tucidides. Para os judeus a memória esta ligada ao campo do saber como forma de relembrar suas referencias, não como forma de produção de conhecimento histórico. Essa memória se encontra na dimensão do futuro, que seria o retorno a terra santa, imposta por Deus. Essa concepção judáica, de memória, que está ligada ao futuro, mais uma vez se diverge da idéia de memória de Heróto e Tucidides, que se encontra na dimensão do presente, já que os fatos são registrados para marcar no presente aquilo que já passou.
Através dos parágrafos acima, percebemos desde Homero, uma modificação na escrita da história e na idéia de memoria. Na epopéia Homerica temos um tipo de poesia[3] misturado com história[4]. Passando para Herótodo observamos uma mudança na escrita, que já passa ter um caratér mais histórico por fazer uso de fontes[5], mas que não abandona completamente o carater poético da epopéia Homerica. Depois temos Tucidides, faz uma análise crítica em cima da escrita de Herótodo, acrescentando a criatividade como elemento participante da escrita do historiador e em ciama da obra de Tucidides temos uma crítica feita por Aristóteles. Temos depois,  Polibio, que critica a idéia de Aristóteles, além de dar um sentido pragmático para a escrita da história. Essa escrita para esses autores significa a permanencia do tempo passado no tempo presente, ou seja, a permanencia da memória, independente do caminho que ambos tomaram para chegar a essa conclusão. Essa idéia se diferencia da historiografia judaica, que usa a escrita da história, não para produção de um conhecimento histórico, mas para relembrar o objetivo de seu povo, que era o retorno a terra santa. Mostrando aí que sua memória esta ligada naquilo que está por vir, não naquilo que já aconteceu.



Bibliografia

    
 Jeane Marie Gagnebin – Sete aulas sobre linguagem, memória e história.

Luciano de Samosáta – Como se deve escrever a história

Poética de Aristóteles – Livro “Os pensadores”

François Hartog -  As primeiras figuras do historiador na Grécia: historicidade e     história.


[1] Diferente de Herotodo e Tucidides, cujo os fatos eram apenas apontados.
[2] Que seria o mesmo que fortuna. (Agente externo que proporciona o enredo; encadeamento dos fatos.
[3] Devido a elementos fantasiados
[4] Por narrar a guerra de Tróia; fato que realmente aconteceu
[5] Mesmo essas sendo orais.

A instrumentalização do teatro pelas ordens religiosas.


Pretendo neste trabalho analisar o teatro como instrumento de expansão da fé católica na America espanhola, em especial sua atuação no México, através do texto de Leandro Karnal “Teatro da fé, representação do teatro no Brasil e no México no século XVI” relacionando-o com o teatro no Brasil no mesmo período e como esse instrumento foi usado de forma peculiar em cada região. Infelizmente, por pouco conhecimento das teorias do teatro, tentarei mostrá-lo de forma diferente, visto da janela de observação de um historiador.
Antes de analisar a atuação desse teatro é necessário situar o leitor em um contexto psicossociocultural mais amplo, de forma simples, mas não simplória, na tentativa de explorar da melhor maneira seu conteúdo. Tendo em vista alguns pontos externos que levou a Igreja Católica a instrumentalizar o teatro como propagador de sua fé temos o pensamento milenarista, que rodeava e embebedava as cabeças dos europeus ocidentais, baseando-se no medo e no fim dos tempos. Além disso, temos também a reforma protestante, que incentiva o surgimento de uma nova ordem em 1540 – por tanto, antes dos concilio de Trento- chamada Companhia de Jesus, que se encarregavam de expandir a fé católica de maneira disciplinar, hierárquica e maleável, para se adaptar às diversas regiões, tendo em vista a corrida imperialista. Outro ponto importante a ser lembrado é a divergência de ordens religiosas que seguiram para as regiões do México e do Brasil. No México temos uma colonização em que a ordem religiosa presente era a dos franciscanos, uma ordem não tão rígida e hierárquica quanto dos jesuítas, presentes no Brasil. Mas, existe um ponto em comum nas duas ordens: ambas usaram do teatro com instrumento de catequese, na tentativa de infiltrar de maneira acessível a diversos públicos os mandamentos da fé e seus dogmas, mas cada um a sua maneira. Lembrando que a diversidade cultural, religiosa e lingüística presentes nas regiões de conquista era enorme (o que causava muitos conflitos), visto que se tinham índios nativos, europeus e africanos. Em um momento posterior, temos a realização do concílio de Trento, visto aos olhos de Leandro Karnal como uma reorganização da Igreja Católica, que buscava a diferenciação do catolicismo dos outros cristianismos, em especial pela afirmação da sua autoridade papal, pela veneração de seus santos, reafirmação de seus dogmas e etc., e não como uma tentativa de reforma popular. O uso desse teatro contribuiu de maneira simbólica para a criação posterior de uma identidade hibrida nesses países, dentro dos moldes católicos, como expõe Leandro Karnal no seu texto, questionando a definição de culturas homogêneas, européias e indígenas, na construção de interações culturais.
            Com relação à caracterização de cada teatro dentro de suas especificidades vemos que esse foi amplamente utilizado pelos padres da Companhia de Jesus como instrumento pedagógico. Tanto na Europa quanto no Brasil, os padres escreviam peças de teatro que auxiliavam não somente na instrução de seus alunos, mas também no ensinamento dos dogmas católicos. Desenrolando-se em peças que quase sempre havia uma disputa entre os espíritos, os bons e os ruins, pela posse de almas. Já no teatro franciscano temos como característica, principal e marcante, seu valor catequético enfatizado pelos adereços cênicos como relíquias, procissões e alfaias, com predomínio de personagens bíblicos que falavam a língua espanhola. Os gêneros teatrais presente nesta época giravam em torno dos mistérios, das paixões, das alegorias, das moralidades, dos autos, dentre outros; mas a maioria tinha influencia religiosa. Karnal descreve também em seu texto as preocupações da inquisição com a maneira em que cada ordem utilizava as formas de representação, até mais do que com o conteúdo das suas ações.
            O teatro foi usado como instrumento de expansão da fé devido à ineficiência da igreja católica no processo de conversão indígena ao catolicismo, visto que os mecanismos adotados para arrecadar fiéis eram superficiais na sua compreensão por índios e africanos, por se tratar de uma cultura completamente diferente; por adorarem deuses diferentes, por falarem línguas diferentes, por terem lidere diferentes e etc. Por isso a língua nativa não era suficiente para fazer os índios entenderem os conceitos teológicos cristãos.  
“Note-se: não se trata apenas de ilustrar uma exposição catequética. As imagens eram a própria mensagem catequética. Em outras palavras: o pensamento indígena apreendeu o mundo cristão por meio de imagens e cenas. Incorporou-se um cristianismo imagético à percepção indígena”


(Avaliação escrita para disciplina de Artes Cênicas "Teatro medieval ao barroco" da Universidade Federal de Ouro Preto).

(isso foi um trabalho para a disciplina Análise do Discurso, ministrada pelo professor Melliandro, no departamento de letras da Universidade Federal de Outro Preto. Ainda consiste alguns errinhos, mas acho que está inteligível.)

- O seguinte texto pretende analisar o discurso de um poema publicado no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, no ano de 1868. Fiz esta disciplina em detrimento do meu projeto de iniciação cientifica, que se liga ao Brasil Império, onde devo escrever sobre a imagem e auto-imagem de d.Pedro II e da Monarquia através de cartas de suplicas por esmola ao imperador.. Para tal, recorri à disciplina, que ajudou bastante. Espero que o texto tenha ficado ao menos razoável.

“Oh! excelso Monarca, eu vos saúdo,
Bem como vos saúda o mundo inteiro,
O mundo que conhece as vossas glórias.
Brasileiros, erguei-vos, e de um brado
O Monarca saudai, saudai com hinos,
Do dia de dezembro o dois faustoso,
O dia que nos trouxe mil venturas.
Ribomba ao nascer d'alva a artilharia,
E parece dizer, em som festivo:
Império do Brasil, cantai, cantai!
Festival harmonia reine em todos;
As glórias do Monarca, as sãs virtudes
Zelemos, decantando-as sem cessar.
A excelsa Imperatriz, a mãe dos pobres,
Não olvidemos também de festejar
Neste dia imortal que é para ela
O dia venturoso em que nascera
Sempre grande e imortal Pedro II”.
Estes versos foram publicados no Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, no dia 2 de dezembro de 1868. Data 
comemorada em todo o Brasil saudando o aniversário de D.Pedro II .

Direciono a análise deste poema pautando-me nos postulados teóricos de Patrick Charaudeau e também em alguns pressupostos trabalhados pela analise do discurso de linha francesa, representada, sobretudo, na figura de Michel Pêcheux.
Este trabalho pretende retirar do poema, mesmo que de forma simples e breve, mas não simplória, elementos que nos levem a remontar outra imagem de D.Pedro II, por via de discursos opositores.
Começarei pela abordagem do contexto psicossociocultural proposta por Charaudeau, que se remete ao nível situacional, visto como circuito externo, que é importante para a configuração do discurso. Sendo assim, trata-se aqui das condições de produção do discurso. Don Pedro II de Alcântara nasceu no dia 2 de dezembro de 1825 e assumiu o trono em 1840, antes de completar sua maior idade, exigida pela constituição, em virtude do seu pai ter abdicado do trono. Foi coroado em 18 de julho de 1841 através do golpe da maior idade. Seu reinado foi marcado por transformações de ordem social e econômica, decisivas para historia do país, tais como a guerra do Paraguai (1864-1870) e a Abolição da escravidão (1888). No governo de D.Pedro II, prevaleceu a tentativa de manter o poder frente à crise social e econômica, agravada a partir de meados do século XIX, com a Guerra do Paraguai, quando passou a enfrentar o descontentamento de grupos sociais oposicionistas que pregavam a derrocada da monarquia. A Guerra do Paraguai para o Brasil e para Argentina significou o aumentou da dependência do capital inglês, mas desafogou suas dificuldades financeiras imediatas.  O Brasil teve como conseqüência também a diminuição de negros nos seus territórios uma vez que havia 1 branco para cada 45 negros em seus exércitos, além do desfalque de mão-de-obra escrava que os grandes proprietários estavam enfrentando, diante do fim do trafico negreiro internacional, imposto pela Inglaterra. O que posteriormente deram-se margens a discussão abolicionista, já que o exercito brasileiro ganhou muita importância política e junto disso tudo, brevemente resumido, começa-se haver uma pressão muito grande por parte de escravos que se rebelavam contra seus senhores. A Guerra do Paraguai foi uma das muitas causas da queda do Império brasileiro, assim como a questão abolicionista, que desagrada os grandes proprietários também.
Podemos observar que neste caso a situação de comunicação mais imediata, proposta por Charaudeau, é o período histórico conhecido como Brasil Império, que dentro de suas especificidades engloba um contrato de comunicação referente à sua época, que como em qualquer outra, dever-se-ia seguir regras e normas para qualquer tipo de articulação, ainda mais as do tipo escrita publicada em jornais, que requer certa padronização das formações discursivas de acordo com tal instituição. Neste caso, o autor do poema soube expressar sua própria subjetividade, escapando um pouco do contrato social, através de estratégias discursivas, já que se tratava nesse caso de uma pessoa que era opositora do reinado de D. Pedro II. Esse poema apresenta versos aparentemente inofensivos, enaltecendo o Imperador, mas ao observar bem a primeira letra de cada verso do poema, em forma vertical, tem-se a seguinte frase: “O bobo do Rei faz annos.” O sujeito comunicante neste caso teve uma margem de manobra, rompendo, mesmo que de uma maneira implícita, com o contrato social estipulado pelo jornal.
             Nesse contexto se encaixa o interdiscurso, proposto por Pêcheux, onde no qual podemos identificar a ideologia presente neste indivíduo, que é no caso desfavorável ao Imperador, pois é por via do interdiscurso que a ideologia passa a ser infiltrada na formação discursiva, que é o percurso temático levantado pelo texto; nesse caso uma critica, mesmo que a primeira vista demonstre exagero de glorificação ao Imperador. 
A partir daí, a noção de sujeito proposta por Pêcheux, dizendo que o sujeito é assujeitado por ideologias já existentes, e onde cada instituição adotará a sua, mas que o individuo consegue de algum modo expressar sua subjetividade, que nesse caso se volta para a ação social em desfavor das medidas adotadas por D.Pedro segundo, se encaixa, de certo modo, com a idéia de humano trabalhada por Ida Machado (que segue a corrente da AD proposta por Charaudeau) em que se diz que
“o homem é um ser social (no sentido amplo da palavra) criado/condicionado pela sociedade/cultura do lugar onde vive. Logo, em quanto sujeito falante, ele ‘repete’ a voz social, mas o lado psicossocia-situacional lhe garante também uma individualidade. Nem completamente individual, me completamente coletivo: um amálgama dos dois.”

        Devemos não deixar por esquecido nesse trabalho, a noção de arquivo e identidade proposta nos postulados da ADF, que nos chamam a atenção para os discursos não contemporâneos, como é caso, sendo esses associados à memória e ao arquivo formando uma identidade. 

sábado, 20 de agosto de 2011

Arte medieval, indumentária e comportamento social


O seguinte trabalho pretende estudar as praticas vestimentares e sua influencia no comportamento social na Idade Média, através da analise de pinturas flamengas e um conto literário presente no livro “O imaginário Medieval” de Jacques Le Goff. O trabalho conta com uma reprodução (contemporânea) de um vestido alemão do século XV, feito por mim, Fernanda Ribeiro, onde o modelo foi retirado do livro de Carl Kohler, na tentativa de demonstrar o tipo de corte usado, as cores e a ordem social que possuía este tipo de vestimenta. Partindo da análise desses documentos desencadearei a influencia das praticas da indumentária no comportamento de cada grupo social, tendo como referencia o pensamento religioso que é extremamente importante e indispensável para se compreender esse período.
            O sentimento medieval dominado pelo espírito milenarista, presente na intensa religiosidade da época, se expressa na arte, que por sua vez sofre transformações ao longo desse período. É nesse ponto que consiste nosso objeto de estudo, pois é justamente nessa transformação dos modos de representação artística que observamos as transformações nas praticas vestimentares. Além das referencias citadas, exploramos também o famoso documento “Doação de Constantino” que, apesar de não corresponder ao período cronológico adotado, pode nos dar uma representação do dinamismo social que a indumentária exercia naquela sociedade, visto a exigência clerical por trajes semelhantes aos da nobreza.
            O conto literário, que nos serviu como fonte, “Erec et Enide” também nos mostra como era extremamente forte e comum a atuação das práticas vestimentares dentre o ocidente medieval. Neste conto é retratado o casamento entre um nobre e uma plebéia, num contexto em que dependiam da aprovação do casamento pela rainha, e esta em resposta positiva, doava à moça uma peça exclusiva e não usada de seu guarda-roupa real.
            Portanto, nosso trabalho tenta mostrar que a Idade Media foi um período vinculado à produção artística, as quais vistas através de uma observação voltada para as práticas indumentárias, que muitos julgam efêmeras, podem nos fornecer dados fundamentais para composição da história social do período.

Bibliografia
LESSAIGEN, Jacques; LYON, W. E. La Peinture Flamande: Le Siecle De Van Eyck. Genebra: Albert Skira Èditeur, 1957.
KOHLER, Carl. História do vestuário. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
LE GOFF, Jacques. O imaginário medieval. Lisboa: Estampa, 1994.
COSGRAVE, Bronwyn. História de la moda: desde Egito hasta nuestros dias. Madrid: Editorial Gustavo Gili, 2005.

domingo, 14 de agosto de 2011

Blablablá

Estou um pouco cansada hoje; e acho que a maioria das pessoas devam estar também.
O cansaço mental e o físico se unem como unha e carne... 
Falta de perspectiva dessa vida mundana, descrença no ser humano.
Todos já viram seu programa de TV favorito e agora devem
estar se recolhendo... se isso não foi feito já há algum tempo.
Alienados??? Não. Apenas conformados. 
Eu tenho medo de me conformar, por isso resolvi escrever aqui.
Não mando muito bem com as palavras;  nunca nos demos muito bem
pra ser sincera. Mas acho que tudo que nos tira da nossa 
rotina, tudo que nos faz pensar, tudo que nos exige um pouquinho
de esforço (mesmo que seja para escrever nesse coco), em fim, tudo que 
nos tire do estado de inércia, que as vezes nos mesmo nos colocamos, 
já é algo extremamente válido.
Não posso perder a esperança e a crença no Homem... e principalmente
em MIM.